“Vale Tudo”, clássico de Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004), esta de volta à TV, em uma nova releitura da autora Manuela Dias. E, com ela, uma nova coleção de canções para os personagens. Mas, como aqui gostamos de revisitar o passado, faremos um mergulho na trilha sonora original de 1988. Um disco repleto de pérolas da música brasileira da época.
Trazendo na capa Ivan Meireles (Antônio Fagundes), o disco contava de cara com três regravações que foram feitas especialmente para a novela, e se tornaram versões definitivas, com Gal Costa, Maria Bethânia e Caetano Veloso.
Abrindo o disco – e a abertura da novela – , “Brasil”, de Cazuza, George Israel e Nilo Romero. A primeira gravação foi de Cazuza (1958-1990), feita sob encomenda para o filme “Rádio Pirata”, do cineasta Lael Rodrigues (1951-1989), e lançada no segundo disco de Cazuza, “Só se for a dois”, em 1987. Mas foi Gal e o grito de protesto “Brasil, mostra sua cara” que a tornaram inesquecível.
A segunda é o doce registro de Maria Bethânia para “Tá combinado”, que era o tema do casal Raquel Acioli (Regina Duarte) e Ivan Meireles (Antônio Fagundes). A canção de Caetano Veloso havia sido lançada poucos meses antes, na trilha do filme “Dedé Mamata”, em gravação de Gal Costa. E a terceira é o samba exaltação “Isto aqui o que é”, tema de Raquel (Regina Duarte) que Ary Barroso (1903-1964) compôs em 1942, e que Caetano Veloso transformou em sucesso quarenta e seis anos depois.
Quando os personagens estavam em Búzios, na Região dos Lagos (RJ), onde ficava a “Pousada da Amendoeira” de Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin), as cenas eram sempre ambientadas com “Terra dourada”, de João Bosco.
“Pense e dance”, do Barão Vermelho, era o momento Rock da novela, quando Maria de Fátima Acioli (Gloria Pires) tramava seus golpes – e os riffs do Barão davam o tom. Já quando Leila (Cássia Kis) aparecia amargurada, ou se queixando de falta de dinheiro ao seu ex-marido, era Ivan Lins e sua “Pontos cardeais” que embalava os conflitos.
Mais para a frente da novela, quando Maria de Fátima e Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes) estão prestes a se casar, Ritchie entra em cena com a balada “A sombra da partida”. Heleninha Roitman, vivida por Renata Sorrah, volta e meia estava em seu ateliê ou em algum momento emocionante com seu filho Thiago (Fábio Villa Verde) ou com a tia, Celina Junqueira (Nathalia Timberg) ao som de “Todo sentimento”, composição de Chico Buarque e Cristóvão Bastos gravada por Chico em 1987 no LP “Francisco”.
Virando o disco, e abrindo o lado B, a crítica social de Gonzaguinha com “É”, que era o som das locações no centro do Rio de Janeiro, Catete e Largo do Machado, sempre com imagens de populares em situações cotidianas entre os versos “É / a gente não tem cara de babaca / a gente não tem jeito de panaca (…) a gente quer viver uma nação / a gente quer é ser um cidadão”. O tema foi utilizado anos mais tarde, em 2019, como tema de abertura da novela “Amor de Mãe”, também de Manuela Dias.
Mas é de Cazuza o grande tema romântico da novela. “Faz parte do meu show”, um dos grandes sucessos de 1988, foi pinçado de seu terceiro LP, “Ideologia”, para ser o tema de Afonso Roitman e Solange Duprat (Lídia Brondi). Nunca é demais lembrar que os atores começaram a namorar dois anos depois, após uma outra novela (“Meu bem meu mal”), e estão juntos até hoje.
Jane Duboc, em alta rotação em 1988 com os sucessos “Chama da paixão” e “Sonhos”, tema da novela “Fera Radical”, comparecia dando voz ao tema de César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli): “Besame”, de Flávio Venturini e Murilo Antunes. O tema de Thiago Roitman – e do núcleo jovem – era a versão de “Eye in The Sky”, do Alan Parsons Project, que virou “Um mundo só pra nós”, com a banda Gáz, que tinha nos vocais Ricardo Graça Mello, filho de Marília Pêra (1943-2015). “Penso nisso amanhã”, de Nico Rezende, era recorrente nos bastidores da TCA e nas cenas externas de Ivan.
Fechando o disco, o tom mais chique era de “Sem destino”, com o maravilhoso sax de Leo Gandelman – um ponto alto nas cenas, sobretudo das festas dos ricos.
Produzida por Max Pierre e Aramis Barros, a trilha nacional de “Vale Tudo” vendeu 182 mil cópias, entre LP’s e Fitas Cassete. Em 2001, foi lançada em CD, dentro da série “Campeões de Audiência”. Um disco fácil de ser encontrado até hoje, em sebos e lojas virtuais.
Confira a nossa playlist com as canções da trilha nacional:
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