Até o final de 1995, não havia no Brasil um disco que reunisse canções natalinas feito por um grande nome da MPB. Se alguém quisesse ouvir hinos como Bate o sino ou Noite feliz durante a ceia natalina, tinha obrigatoriamente que apelar para coletâneas de sonoridade e qualidade duvidosa, cantadas sempre por alguém totalmente desconhecido – ou em versões instrumentais.

Até que Simone, corajosamente, o fizesse.

No repertório do disco, idealizado por Marcos Maynard e Simone estavam, além das tradicionais canções de Natal, versões de standards americanos e canções de Roberto e Erasmo Carlos, em modernos arranjos. Uma das marcas deste CD foi a canção escolhida para seu lançamento: Então é Natal, versão de Claudio Rabello para Happy Xmas (War Is Over), de John Lennon e Yoko Ono.

Naquele ano, a cigarra vivia um momento de popularidade muito interessante com o CD Simone Bittencourt de Oliveira, seu último trabalho na Sony Music, gravadora onde permaneceu durante 14 anos.

Para marcar a sua estreia na Polygram (hoje Universal Music), uma estratégia de marketing fantástica foi montada para o lançamento do CD 25 de dezembro, apresentado com alarde na mídia, principalmente na TV, jornais e revistas, através de uma campanha publicitária que anunciava: “Este ano o Natal vai cair no dia 15 de novembro” – a data de lançamento do disco.

“Então é Natal
E o que você fez?
O ano termina
E nasce outra vez
(…)
Então, bom Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem

Hare rama a quem ama
Hare rama já!”

A força da canção, aliada à voz de Simone, se transformou instantaneamente em um hit do Natal do Brasil, que desde então ressurge nesta época do ano.

Na sequência, mais duas versões, bastante conhecidas: Natal branco, letra em português escrita por Marino Pinto a partir de White Christmas, de Irving Berlin, que ganhou um clima noir, característico das grandes canções americanas dos anos 40 e 50; e Bate o sino, versão para Jingle Bells, de domínio público.

Da dupla Roberto & Erasmo, Simone regravou duas músicas: a primeira, Pensamentos, foi pinçada do tradicional LP do Rei lançado em 1982, e que nesta releitura de Simone fez parte da trilha sonora da novela Explode Coração, de Glória Perez. A segunda é Jesus Cristo, em versão que ainda preservou várias influências da gravação original no estilo black music de Roberto em 1970.

O grupo Timbalada, que naquele 1995 ainda tinha Carlinhos Brown como integrante, era o convidado especial do disco, trazendo toda a sua a alegria para os tristes versos de Boas Festas, de Assis Valente. Pra quem não lembra – ou não conhece, a letra diz:

“Eu pensei que todo mundo
fosse filho de Papai Noel
Bem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma brincadeira de papel
Já faz tempo que pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou, então felicidade
É brinquedo que não tem”.

Deixando de lado a tristeza da criança que esperava pela felicidade – que Papai Noel não trouxe – Simone cantou a alegria em O Velhinho, de Octávio Filho:

“Botei meu sapatinho
Na janela do quintal
Papai Noel deixou
Meu presente de Natal
Como é que Papai Noel
Não esquece de ninguém
Seja rico ou seja pobre
O velhinho sempre vem”.

Clássico na voz de Louis Armstrong, What a Wonderful World virou Que maravilha viver, na segunda versão feita por Claudio Rabello para o disco, que na primeira edição, fechava com Noite Feliz, versão de domínio público para Silent Night, de F. Gruber.

Na noite de 24 de dezembro de 1995, Simone – que nasceu em 25 de dezembro de 1949 – durante apresentação feita no programa Domingão do Faustão, da Rede Globo, anunciou: “este disco será relançado todos os anos, na época do Natal”. E foi o que aconteceu nos natais seguintes, por mais ou menos vinte anos.

Em 1996, a edição de 25 de dezembro passou a conter uma faixa-bônus: Ave Maria, com Simone cantando com as Meninas Cantoras de Petrópolis, que já faziam coro em outras canções.

Depois que a baiana Simone abriu o caminho, outros discos natalinos foram lançados no Brasil: em 1997, a dupla Chitãozinho & Xororó reuniu outras músicas de estética semelhante no álbum Em família (Polygram), tendo como grande sucesso a regravação de O Homem de Nazaré, de Antônio Marcos. Em 1999 foi a vez de Ivan Lins, no disco Um novo tempo (Abril Music), que trazia Jose Feliciano em dueto com Ivan na faixa-título, e em 2007 o grupo Roupa Nova também lançou um CD de canções de natal. Mas nenhum deles conseguiu apagar a marca do disco de Simone, que vendeu mais de um milhão de cópias. Inesquecível.

Músicas:
1. Então é Natal (Happy Xmas – War Is Over)
2. Natal branco (White Christmas)
3. Bate o sino (Jingle Bells)
4. Pensamentos
5. O velhinho
6. Jesus Cristo
7. Que maravilha viver… (What a wonderful world)
8. Natal das crianças
9. Boas festas (part. especial: Timbalada)
10. Noite feliz
11. Ave Maria (part. especial: Meninas Cantoras de Petrópolis – Faixa-bônus)

Uma produção Polygram idealizada por Marcos Maynard e Simone
Dirigida por Max Pierre, Moogie Canázio, Carlinhos Brown e João Augusto

8 thoughts on “Discoteca: Simone, 25 de dezembro (Polygram, 1995)

  1. nossa cada vez que ouço a voz dess deusa da mpb fico em extase, desde que me teornei fã da simone em 1996 comecei a comprar todos os discos dela a voz dessa cantora me faz bem assim como todosas as informações que leio, com essas. parabéns! simone te amo. sempre encerro o meu programa de rádio, pois sou radialista, com uma linda canção dessa grande baiana!!!!!!!!!!!!!!!

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