Claudia Telles - Foto: Fábio Vizzoni

No Dia Internacional da Mulher, convidamos Claudia Telles para comemorar a data conosco. A cantora e compositora se apresenta nos dias 13 e 14 deste mês no SESC Vila Mariana (SP) ao lado de Dóris Monteiro e Claudette Soares, e juntas interpretam canções de Vinícius de Moraes, em homenagem às mulheres.

Guerreira desde sempre, Claudia Telles é um símbolo da nova mulher que surgiu entre os anos 1960 e 70: desde muito jovem, enfrentou várias perdas afetivas, mas não se deixou abater: batalhou, deu a volta por cima e conquistou o Brasil com sua voz, e continua até hoje cantando e encantando as pessoas por onde passa.

Em entrevista ao Música e Letra, Claudia falou um pouco sobre o show e momentos de sua vida e carreira:

Música e Letra | Claudia, como surgiu este encontro com Dóris Monteiro e Claudette Soares, que resultou neste show que será apresentado nos dias 13 e 14, no SESC Vila Mariana?
Claudia Telles | Eu, Claudette e Dóris somos amigas e temos o mesmo empresário, e como nós três gravamos Vinícius ele teve a ideia de nos juntar para fazer essa homenagem, fizemos o primeiro show no SESC Pinheiros e foi um sucesso imenso.

Música e Letra | Três mulheres de gerações distintas, unidas pela música de Vinícius de Moraes. Como vai ser este espetáculo, celebrando o mês da mulher?
Claudia Telles | O show é lindo, emocionante e muito divertido porque Claudette e Dóris, além de terem histórias maravilhosas da época, são divertidíssimas, são mulheres especiais, e nada melhor do que mulheres especiais reverenciarem e acarinharem todas as mulheres, ainda mais com boa música.

Música e Letra | Você surgiu no momento em que houve uma explosão de cantoras de música popular, que, assim como você, estão aí até hoje, fazendo música de qualidade e influenciando outras vozes femininas. Fazendo uma análise sobre sua geração e as que vieram em seguida, na sua opinião, quem mais se destaca?
Claudia Telles | Da época em que fui lançada, um ano anos foi a Fafá, um depois foi Elba, Rosana em 1978, Jane Duboc, todas elas estão aí, umas com mais mídia outras com menos ou nenhuma. Nos anos 1980 surgiram cantoras ótimas como Diana Pequeno, Sandra de Sá, Leila Pinheiro entre outras, e se destacam para o seu público, hoje a coisa está bem mais segmentada.

Música e Letra | Mudando de assunto: muito se discute sobre pirataria, troca de arquivos pela internet etc. No meio disso, a indústria fonográfica agoniza, enquanto que os selos independentes ganham força. Você viveu os áureos tempos das gravadoras, em que um artista vendia 300, 500 mil, 1 milhão de cópias. Qual o seu ponto de vista sobre estes dois cenários?
Claudia Telles | Pois é, as grandes gravadoras criaram o bicho e perderam o controle sobre ele, tudo que moderniza faz por acabar com empregos, cargos, especialistas e tal, no nosso meio é igual. Hoje a modernidade é tanta que o cantor nem precisa ser afinado mais, o computador afina por ele.

Música e Letra | E sobre o famoso jabá? Pra você, o pagamento de propina para que um artista toque nas rádios e apareça na mídia tem ou não relação direta com o surgimento de novos (e efêmeros) fenômenos musicais que, no fundo, não dispõem de tanto talento assim?
Claudia Telles | Tem relação direta e também em relação à perda financeira das gravadoras. A mídia está cara demais e o preço que se paga por ela entra diretamente em cima do preço do CD fazendo com que as pessoas prefiram comprar pirata mesmo.

Música e Letra | É impossível falar em você e sua obra, e não deixar de citar sua mãe, Sylvinha Telles. Pra você, qual foi o legado que ela deixou para a história da música brasileira e, principalmente, para a Bossa Nova?
Claudia Telles | Uma modernidade de repertório incrível, uma interpretação emocional maravilhosa e principalmente a arte de ser gente, amiga, colega especial e amar a música.

Música e Letra | Falando em Bossa Nova, já no seu primeiro disco você cantava um clássico, Dindi (de Aloysio de Oliveira e Tom Jobim) e, ao longo de sua carreira, você sempre abriu espaço para soltar a voz em canções eternas, ou dedicou álbuns inteiros a revisitar mestres do gênero, como Tom e Vinícius. Esta atitude seria uma influência direta das lembranças de sua vida, e de sua mãe?
Claudia Telles | Nasci ouvindo Bossa, adorava ouvir minha mãe cantando, tenho intimidade com a Bossa Nova, não tinha pra onde correr, né?

Música e Letra | Seu primeiro LP, que trazia Fim de Tarde e Eu preciso te esquecer está completando 30 anos e, infelizmente, está fora de catálogo. Você planeja algum tipo de comemoração, ou pensa em reeditá-lo por conta própria?
Claudia Telles | Eu não sei nem se existem os masters do LP na Sony Music (antiga CBS), já ouvi comentar que fariam isso, mas ainda não resolveram se vão fazer. Fiz 30 anos de carreira ano passado, comemorei no palco, foi bom demais, ainda não sei se comemorarei em disco, vamos ver.

Claudia Telles, Angela Ro Ro e Ricardo MacCord - Foto: Fábio Vizzoni
Claudia Telles, Angela Ro Ro e Ricardo MacCord – Foto: Fábio Vizzoni

Música e Letra | Depois de Cartola, Tom e Vinícius, o que você planeja para o futuro, em termos de disco?
Claudia Telles | Tenho muitas ideias de discos, inclusive um infantil que está pronto em termos de projeto, só falta gravar, o que é o mais difícil. É um livrinho infantil onde criei a historinha e as canções, estou torcendo para de repente aparecer um patrocínio e eu possa entrar em estúdio logo com esse projeto, seria uma bela forma de comemoração dos meus 31 anos de carreira esse ano.

Música e Letra | O que a Claudia Telles está ouvindo hoje? E o que não sai nunca da playlist de sua vida?
Claudia Telles | Adoro Lenine, e o que não sai da minha playlist são as canções Soul da década de 70.

Música e Letra | Pra terminar, mande um recado para os leitores – em especial às mulheres:
Claudia Telles | Foi um prazer poder falar um pouco de mim por aqui, desejo garra, força, amor, saúde, realização e reconhecimento a todas nós mulheres, porque precisamos é disso, reconhecimento. Paz e luz a todos. Beijos, Claudia.

Assista a apresentação de Claudia Telles cantando Eu preciso te esquecer, composição de Mauro Motta e Robson Jorge, hit da novela Locomotivas, de 1977:

7 thoughts on “Entrevista: Claudia Telles

  1. Claudia Telles é sensacional, linda, maravilhosa com uma voz belíssima que DEUS lhe deu e esta música Fim de Tarde, me lembra minha mocidade nas Baladas.Hj tenho 56 e gravei ontem 24/01/2009 Fim de Tarde.Beijos Claudinha, minha chará.Recife/Pe e o Brasil te ama! DEUS te dê muita saude e Paz.Gostaria de uma foto sua autografada.Pode ser?Um abraço.Claudio.

  2. Claudinha, é até covardia eu falar alguma coisa, pois tive o prazer de trabalhar com voce no auge da sua carreira, ou melhor:seu auge é eterno, pois as boas coisas da vida jamais passam, voce plantou e colheu sucesso para toda vida…voce é demais, seja eternamente feliz, com muita saúde, paz, amor,felicidades e eternidade, voce mereçe…beijos do amigo de sempre Toninho-RJ.

  3. claudia sempre fui sua fã,incusive as pessoas diziam se eu era sua parente,pois somos muito parecidas,hoje tenho 48 anos e quem conheceu vc ainda me acham parecida com vc,e isso me orgulha muito.bjus

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