02 de janeiro de 1959, Recife, PE

Desde quando a bossa era nova que o Brasil não é o mesmo. Exportávamos café, açúcar e outros tipos de alimentos. Mas hoje, exportamos muito além, mandamos para os mais longínquos países um pouco mais de vida, de alma, cultura. Não pense você, pois, que estamos falando dessa baboseira musical que as rádios nos assolam. Muito pelo contrário. O mundo ouve a legítima música nacional brasileira, nosso verdadeiro hino de qualidade, ainda que haja uma esperança de que os ouvintes internos tenham o mesmo bom e saboroso gosto do resto do planeta. Um dos grandes compositores brasileiros que está do lado de lá, fazendo um enorme sucesso às custas do próprio talento, é o trovador da língua pensante: Lenine.

Bordado de qualidade até os ossos, Lenine esbanja de seus mínimos poros uma grande lucidez em demonstrar como a vida pode ser simples e feliz. É apenas um violão e a voz, a tecnologia de sons, uma percussão d’água, uma letra ecoante, nada diferente dos seresteiros, nada de rótulo ou formulações pré-definidas, apenas um verdadeiro fazedor de arte. Lenine consegue transfigurar o artista popular em seu modo de mostrar as canções. Ninguém precisa dizer só o que o povo quer ouvir, mas deixá-lo experimentar que o novo também é bom.

Apesar de seu reconhecimento atual, Lenine tece sua carreira desde muito tempo, quando ainda morava em Pernambuco e se apresentava por bares e festivais do nordeste. Lenine começou a ganhar destaque quando grandes célebres interpretes da música nacional reconheciam seu talento, gravando suas canções. Entre eles, Maria Bethânia e Elba Ramalho. “O segredo era estar entre as poucas canções, nas fitas selecionadas e não no meio de inúmeras músicas de outros compositores”, diz o próprio.

Lenine ganhou o Brasil com Paciência, literalmente. Não somos acostumados a procurar saber quem são os compositores das músicas, e assim, só quando resolveu realmente assumir os vocais que o reconhecimento apareceu. Lenine esbanjou simpatia e boa música pra tudo quanto é lado.

Seu CD Incité foi gravado ao vivo na cidade de La musique, na França, em um auditório lotado de franceses que mostraram seu carinho pelo pernambucano. Só na França, Lenine tocou já se apresentou em 15 cidades e vendeu mais de 60 mil discos. No ano de 2005, quando o país da Torre Eiffel comemora o ano do Brasil, Lenine (em parceria com Lula Queiroga) compôs a canção Sob o mesmo céu, que fala sobre nosso país e quantos de nós mesmos se precisa para se tornar um único e só Brasil.

Em 2006 Lenine reuniu sucessos e “lados B” de sua carreira em mais um álbum gravado ao vivo: Acústico MTV.

Além de cantor, compositor e instrumentista, Lenine se arrisca ainda mais: seu último trabalho foi a produção do segundo disco de Maria Rita, “Segundo”. Sua percepção para a qualidade de um trabalho é clara. Lenine é múltiplo e amplo. Ninguém faz ideia do que esse rapaz ainda promete.

DISCOGRAFIA

“Baque solto”, com Lula Queiroga (1983)
“Olho de peixe”, com Marcos Suzano (1992)
“O dia em que faremos contato” (1997)
“Na pressão” (1999)
“Falange canibal” (2001)
“Incité” (2004)
“Acústico MTV” (2006)
“Labiata” (2008)
“Lenine.doc – Trilhas” (2010)

4 thoughts on “Perfil: Lenine (Osvaldo Lenine Macedo Pimentel)

  1. Sou Pernambucano de Cruaru e vibro quando os nossos conterrâneos fazem sucessos por esse mundo afora. O Lenine, sem sombra de dúvida é um extraordinário artista.Ele tem talento de sobra, por isso o grande sucesso que ostenta. Parabéns!

  2. Lenine é mais que arranjos e letras embebidas de genialidade é também pura musicalidade e som, suas músicas mexe de diferentes formas e contagia a todos.

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