Isabella Taviani - Foto: Fábio VizzoniNo volante de um Maverick laranja, a carioca Isabella Taviani muda o trajeto de sua carreira e apresenta ao público, neste mês de setembro, o seu quarto álbum, “Meu coração não quer viver batendo devagar”.

Lançado pela Universal Music, o novo CD é o retrato desta nova fase da cantora e compositora que, após sete anos de sucessos – “Foto Polaroid”, “Digitais”, “Castelo de farsa” e “Luxúria”, entre outros que a consagraram, através de interpretações rasgadas, passionais, fortes – abre espaço para uma nova safra, mais doce, tranquila e solar, mas sem perder a identidade. E nessa linha surgem deliciosas canções pop, baladas, rocks, um samba e a releitura de “Sob medida”, de Chico Buarque, que juntos dão forma ao sucessor de “Diga sim”, lançado há dois anos.

Mudanças sonoras, estéticas e conceituais
Sempre dirigida em disco por Torquato Mariano, Isabella apostou na diversidade de estilos dos produtores Jr Tostoi e Rodrigo Campello. O Resultado deste casamento musical é a fusão entre o rock e a MPB mais tradicional, caminhando lado a lado com as histórias de vida contadas através dos versos e vozes de Isabella:

“Eu sempre trabalhei com o Torquato Mariano. Todos os meus discos foram com o Torquato, e era um processo natural que fosse com ele. Eu fui apresentada a esse mundo de gravadora pelo Torquato, com ele eu me sentia segura, é um amigo, uma pessoa por quem eu tenho o maior carinho, e eu comecei a perceber que essa Isabella nova queria aparecer, queria se mostrar mais, e era um processo natural que eu fosse arriscar e tentar trabalhar com outros produtores. Eu acho que o artista precisa também modificar, ressurgir, e ficar sempre buscando coisas novas, senão fica estagnado. Então era o momento da mudança. E eu comecei a pesquisar, eu queria uma sonoridade mais moderna, mais arrojada, daí a presença do (Jr) Tostoi, as guitarras do Tostoi, com um timbre ímpar, característico dele, mas ao mesmo tempo eu tinha medo do disco ficar muito pesado, com muitas guitarras, e não era o que eu queria.

Daí veio a proposta do Daniel Silveira, que é o Diretor Artístico da Universal Music, minha gravadora, e disse: “Olha, o Rodrigo Campello trabalha com a Roberta Sá, com a Beth Carvalho, com a Fernanda Abreu”, então eu senti que ele ia trazer um pouco da MPB, assim, que eu gosto e que eu fico à vontade. Então eu resolvi juntar os dois e embarcar nisso” – conta, durante entrevista coletiva no Rio de Janeiro.

Um sonho foi o estopim para as cores do CD (foto, à esquerda). Isabella conta que, em uma noite de dezembro de 2008, sonhou que dirigia um Maverick em alta velocidade pela Estrada do Joá (caminho que liga a Zona Sul do Rio de Janeiro à Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade). E que, neste sonho, ela gritava: “Meu coração não quer viver batendo devagar”. A partir daí, nasceram a música, o título do disco, o conceito e até mesmo o encarte, onde a artista posa entre dois clássicos fabricados pela montadora Ford nos anos 70, um laranja e um azul claro. E ainda havia espaço para a memória afetiva: “Meu Avô tinha um Maverick” – revela.

Acostumada a compor sozinha, Isabella Taviani deixou a timidez de lado abriu espaço para novos parceiros e participações musicais. A primeira é de Zélia Duncan, que comparece em “Arranjo” e tocando bandolim em “Depois da chuva”, obra inédita de Isabella, Zélia e Jorge Vercillo: “O (Jr) Tostoi teve a ideia de chamar a Zélia pra gravar um bandolim, e eu disse: “como é que eu vou chamar a Zélia Duncan pra tocar um bandolim?”, e perguntei a ela: “Zélia, você topa?”, e ela disse: “agora!, mas, eu não toco bem bandolim…”, e ela de imediato treinou, foi tão bonitinho isso… e nessa música que ela tocou bandolim (“Depois da chuva”), é uma melodia minha que o Jorge (Vercillo) era apaixonado, eu não sabia muito o que dizer, e a gente tinha começado a fazer a letra, que não tinha definido ainda quando eu mandei a música pra Zélia ouvir, que era a faixa do bandolim que ela ia tocar. E eu mandei a música pra Zélia assim: “La ra ra ra ra ra ra rã, la ra ra ra ra rã…”, e ela fez a letra em dez minutos (…) então inaugurou aí a parceria dos três”.

A segunda participação é do cantor Toni Platão, de quem Isabella Taviani revela ser fã desde os tempos do grupo Hojerizah, nos anos 80: “Eu sou fã do Toni, eu vi o show do Hojerizah e eu acho a voz do Toni uma das melhores do país. E a música que eu tô cantando com ele, que se chama “Um vendaval”, tem uma pegada meio R&B, charme, e eu nunca compus uma música assim. Então eu queria uma participação que desse credibilidade a essa faixa, pra não ficar apenas uma faixa hit, porque se você escuta o disco, ela é hit, ela toca em qualquer rádio do Brasil muitíssimo bem, porque ela é dançante, porque ela é gostosa, porque ela tem uma letra que todo mundo vai repetir, vai cantar, e eu não queria somente isso, cair nesse perigo. Então eu queria um artista que desse credibilidade, e ninguém melhor que o Toni, que é um cara que eu admiro, cantou com aquela voz belíssima, e deu um charme em especial a essa faixa” – afirma.

Internet, Download e Pirataria
“Meu coração não quer viver batendo devagar” traz uma faixa exclusiva, o samba “Esquinas de Jacarepaguá”, disponível para download somente a quem comprar o CD original. Um diferencial para os fãs fiéis de Isabella, que se mostra favorável ao uso de novas mídias e redes sociais: “A ferramenta da Internet é fundamental. Eu comecei a entender o que é Twitter, o que é Facebook. Era um processo lento pra mim e extremamente prazeroso… até hoje eu não tive nenhuma dificuldade com ninguém, nunca sofri nenhum tipo de agressão, sou muito bem tratada, os fãs me adoram, a gente bate altos papos, converso, enfim… até algumas pessoas se aproximaram (…) nunca um lançamento de um disco meu foi tão comentado, principalmente por causa da Internet”. E completa: “Hoje em dia, o espaço que a gente tem pra videoclip é o YouTube”.

Sobre pirataria, Isabella não se opõe de todo, e explica: “A pirataria pro artista é bom, que ele vende shows, divulga teu nome. Uma dia desses minha Mãe estava numa banca pirata e disse: “meu filho, porque você tá vendendo o disco da minha filha, pirata?” e ele disse: “como é que é, minha senhora?”, e ela dizia: “minha filha aqui, ó” (apontando pro CD pirata), e me ligou, dizendo: “minha filha, olha o seu disco aqui, ó”, e eu disse: “Mãe, deixa isso pra lá, deixa ele vender”. Mas, assim como ele divulga isso como uma condição de vida, de sobrevivência, o pirata tira o emprego de muita gente dentro das companhias, dificulta você a ter mais produtos, contratar novos artistas, porque você não tem dinheiro pra isso”.

Isabella Taviani - Foto: Fábio VizzoniMas, entre tantas modificações, uma é perceptível de imediato: Isabella Taviani está visivelmente mais bonita e feliz. Perguntada se tantas mudanças, musicais e visuais, poderiam assustar o seu público, Isabella revela:

“Eu não tive medo em momento nenhum. Desde o início – inclusive eu até postei isso no meu blog – eu não tive medo, por que essa Isabella sou eu também. Eu tinha os cabelos bem compridos, eles batiam na cintura, encaracolados, e eu vivi uma mudança emocional muito grande, e eu cortei os cabelos. E pra mulher, a gente sabe o quanto o cabelo mexe com a gente… você quer saber se a mulher tá bem, olha o cabelo; se tá mudando, é o cabelo, é a primeira coisa. Então eu cortei os cabelos e rompi com aquele pacote. Aquela Isabella com aquele cabelo arrojado, aquele cabelo meio característico, a gente demorou pra criar aquele visual, mas ele não correspondia mais com a Isabella que tava surgindo, que tava reaparecendo, a Isabella que existiu muito lá atrás na minha vida. Então eu resolvi, planejei essa mudança (tô falando do cabelo porque eu acho que é emblemático, esse cabelo é emblemático pra mim, por que o anterior também era emblemático). Eu não preciso mais romper com nada. Eu me sinto serena, calma, tô feliz, tô mansa, tô muito bem amada, tô no melhor momento da minha vida, e eu não quero cortar mais esses cabelos, eu quero que agora esses cabelos cresçam, porque isso aqui sou eu, nesse momento da minha vida, agora. Mas, pelos comentários no meu blog, no meu site eles escutam um minuto de cada faixa, os comentários são os melhores possíveis, até agora eu não vi nenhum fã dizendo: “ah, eu quero aquela, rasgada…”. E muitos outros comentários, dizendo: “nossa, como você tá mais feminina, mais sensível, mais interessante”.

Cantora de personalidade, que foi duramente criticada no passado, quando comparada com outras vozes de sua geração, Isabella Taviani vive o seu melhor momento musical. E, comparações à parte, o seu 2009 lembra muito um antigo sucesso de Simone, lançado em 1989: “Que venha essa nova mulher de dentro de mim”.

3 thoughts on “Uma nova Isabella Taviani em Meu coração não quer viver batendo devagar

  1. EU GOSTARIA DE ACRESCENTAR EM MEIO A TANTOS COMENTÁRIOS , TENHO CERTEZA DISTO , QUE DEFINITIVAMENTE TODOS NÓS JÁ SABEMOS E NOS APAIXONAMOS PELO TALENTO INDISCUTÍVEL DE ISABELA TAVIANI ,E PARA CONSAGRAR DE VEZ SURGE PARA ALAVANCAR DEFINITAVENTE A SUA CARREIRA DEPOIS DE UM GRANE SUCESSO COMO “DIGA SIM” O SUCESSO “PRESENTE-PASSADO”

    PARABENS ISABELA , PELO SEU TALENTO ASSOCIADO AO SEU BOM GOSTO…

    BEIJOS

    ANTONIO DONIZETI PAFUME
    SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

  2. Certamente Isabela Taviane é uma das melhores cantoras e compositora dos últimos tempos. Uma voz delicada e ao mesmo tempo tão forte e que nos faz muito bem com essas canções lindas demais . Desejo muita saúde pra que com isso nós que somos admiráveis deste trabalho tão belo, possamos contemplar ainda mais.
    Obrigada por vc existir e me fazer estar em meu lar por muitas vezes ouvindo e cantando suas canções…

    Paz e muito sucesso em 2010!!

    Jane

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