Os australianos do INXS estão voltando à ativa com o álbum de inéditas Switch e um novo vocalista, o americano JD Fortune, substituindo Michael Hutchence, que se suicidou em 1997. Desde sua morte iniciou-se uma busca incessante por um substituto à altura da voz, do carisma e da presença de palco de Hutchence – em vão. A banda chegou a fazer alguns shows pela Europa e Estados Unidos com o cantor Terence Tren’t D’Arby, mas não deu certo. Logo depois fizeram uma turnê mundial que passou pelo Brasil, com o neozelandês Jon Stevens, o Rangi – que já havia trabalhado com o INXS anos atrás. Também não deu certo.

Os fãs que sobraram discutiram durante todos estes anos sobre a continuidade da banda formada pelos irmãos Andrew, Tim e Jon Farriss, mais o baixista Gary Garry Beers e o “coringa” Kirk Pengilly. Foram cogitadas várias possibilidades, dentre elas que a banda mudasse de nome e mantivesse a formação original sem Michael, adicionando um novo ou nova vocalista. De fato, mudar de nome foi tudo que o INXS não cogitou, embora tenha testado incontáveis caras e vozes neste meio tempo.

JD Fortune (foto) é americano, ex-cover de Elvis Presley, e foi escolhido através de um método bastante questionável: um reality show. Isso mesmo, nos moldes Big Brother. O “Rockstar” reuniu homens e mulheres arriscando-se a entrar para o INXS sob o estigma de “cópia” de Michael Hutchence. Com JD, acontece o óbvio.

Pose e performance de galanteador e voz idêntica à de Michael Hutchence, JD já está fazendo shows com a banda, este INXS cujo a verdadeira sonoridade às vezes parece ter ficado perdida em algum lugar no final dos anos 80 e começo dos anos 90. Polêmicas, decepções e boas surpresas à parte, Switch merece ser ouvido pelos fãs do Pop – Rock com qualidade.

Não vá esperando riffs de guitarra brilhantes e dançantes como em “New Sensation” ou “Suicide Blonde”, nem baladas com a mesma força de “Never Tear Us Apart” ou a singeleza de “Beautiful Girl”. O INXS de Switch soa como um INXS tentando acompanhar as tendências dos Euro Hits, como ocorre em “Hot Girls” e na balada “Afterglow”. O produtor aliás, é Guy Chambers, que trabalhou com Kylie Minogue e Robbie Williams. Tá explicado.

São boas canções, que merecem seu lugarzinho na parada Jovem Pan, MTV ou coisa que o valha. A roupagem é moderna, como já citado, tentando recuperar o tempo perdido. A levada dançante rola em “Devil’s Party” e mais tímida em “Perfect Strangers”, mas ainda parece que falta alguma coisa. E fica aquele “se…se…se Michael estivesse aqui”, que acaba por estragar as coisas. Deixemos o futuro do pretérito pra lá, já que nunca saberemos o que “seria”.

Dá pra lembrar de Marvin Gaye com “Remember Who’s Your Man”, em que é possível imaginar as feições de Hutchence nos vocais, dada a semelhança da voz de JD. E dá pra curtir bastante “Pretty Vegas” – que já tem clipe na MTV e “Hungry”, faixa 7.

É um bom disco este Switch. Nada que vá entrar pra história, mas algo que marca a tentativa de ressurreição do INXS. Não sei se a banda ganha um novo mercado, muito menos se convence os fãs mais antigos. Não há como fugir das comparações. Não dá pra saber se JD tem vida própria em meio aos quarentões – bonitões do INXS, que agora andam se vestindo nos moldes das novas bandas. Não sei se isso cola. Não sei, não sei. Não…sei não.
Mas é uma pena e um desperdício pela qualidade musical desta banda caso não tenham um lugar no “Top of the Pops” com este disco. Mas talvez o INXS realmente precisasse mudar de nome – já que a identidade musical e visual ficou presa lá, com Michael Hutchence (foto, à esquerda), há quase 10 anos.

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